“Para odiar, as pessoas
precisam aprender,
e se elas aprendem a odiar,
podem ser ensinadas a amar,
pois o amor chega mais naturalmente
ao coração humano do que o seu oposto.
A bondade humana é uma chama que pode ser oculta,
jamais extinta.”
Nelson
Mandela
Dieter Telemans/Panos Pictures
Sabia que um bebé de um ano, que acaba de aprender a
andar, vai espontaneamente em socorro de alguém que vê em dificuldades?
Sabia que aquando de uma catástrofe natural, as pilhagens e violência são
grandemente superadas pelo altruísmo e solidariedade? Sabia que o nosso cérebro
contém zonas de satisfação que se activam quando somos generosos e zonas de
insatisfação que se activam quando somos confrontados com uma injustiça? E se,
ao contrário do que tem sido repetidamente afirmado, a violência e o egoísmo,
que existem incontestavelmente, não correspondessem à nossa natureza profunda?
É justamente esta a tese que Jacques Lecomte defende no seu
último livro "La bonté humaine". O egoísmo e a violência existem, mas não
correspondem à natureza profunda do homem. O ser humano tem potencialidades
para a bondade e para a crueldade, sim, mas tudo depende daquelas que alimenta.
Ao longo das páginas deste livro tomamos consciência de que muitas das nossas
certezas sobre a violência e o egoísmo são fundadas em afirmações sem provas, muitas
vezes, em rumores. “La bonté humaine” apresenta-nos
exemplos inspiradores como o de Primo Levi deportado em Auschwitz. Se a violência surge como um dos grandes
temas do livro de Primo Levi “É isto um homem?” num relato pungente e perpassado por um horror quase inacreditável,
Levi conta-nos também que em Auschwitz, quando trabalhava numa fábrica de
borracha, a cada dia, durante seis meses, um operário italiano lhe levava um
pedaço de pão na sua marmita.
“Creio que é justamente a Lorenzo que devo estar
vivo hoje, não pela sua ajuda material, mas por me ter constantemente
recordado, pela sua presença, pela sua forma simples e fácil de ser bom, que
ainda existia um mundo justo, coisas e seres ainda puros que nem a corrupção,
nem a barbárie haviam contaminado. Algo indefinível como uma longínqua
possibilidade de bondade pela qual valia a pena viver. Lorenzo era um homem: A
sua humanidade estava pura e intacta. É a Lorenzo que devo o facto de não me
ter esquecido que eu, também, era um homem.”
Se a
nossa essência não fosse a da generosidade, cooperação e solidariedade, a nossa
espécie já teria desparecido, consumida pela violência e pelo ódio.
Van Gogh (imagem retirada da net)
"Nosso
grande medo não é o de que sejamos incapazes.
Nosso maior medo é que sejamos poderosos além da medida. É a nossa luz, não a nossa
escuridão, que mais nos amedronta.
Perguntamo-nos: "Quem sou eu para ser brilhante, atraente, talentoso e
incrível?" Na verdade, quem é você para não ser tudo isso? Considerar-se o
pequeno não ajuda o mundo. Não há nada de brilhante em encolher-se para que as
outras pessoas não se sintam inseguras em torno de si.
E à medida que deixamos a nossa própria luz brilhar, inconscientemente damos às
outras pessoas permissão para fazer o mesmo".
(Discurso de posse, em 1994)
Nelson
Mandela