CULTIVAR UM NOVO OLHAR
Boris Kustodiev
"Se não nos conectarmos às nossas necessidades profundas, psicológicas, fisiológicas, afectivas ou criativas, acabamos por criar novas necessidades que acabam em impasses porque a sua satisfação não nos preenche. Quanto mais o indivíduo está fragilizado mais se arrisca a tomar o consumo como um escape para preencher a necessidade de existir."
Paul Aries
Aproximamo-nos do Natal: Luzes, montras feéricas, montanhas de brinquedos... Perguntamo-nos o que oferecer em embrulhos ricamente decorados. Um jogo de vídeo para o filho? Sai um todos as semanas, qual escolher? Em intermináveis filas esperamos a nossa vez. E depois... Quando chega o dia 25 de Dezembro, provavelmente, o que sentimos é um grande mal estar no meio de todos aqueles papéis amarrotados e restos de comida nos pratos. Para quê tudo isto?
Estamos a retratar, é claro, aquilo que acontece na nossa sociedade de abundância, porque noutras partes do mundo, onde a fome e a sede minam os estômagos, cada um sabe bem onde se encontra o essencial. Cada vez mais, nesta sociedade, "o essencial é invisível para os olhos".
Há que cultivar um novo olhar. Temos tanto para apreciar. Devemos "tomar" um pouco do nosso tempo para valorizar aquilo que nos facilita a vida: O ar e sol que entram pela nossa janela, as frutas e legumes na mesa, a àgua que corre nas nossas torneiras, o sorriso com que fomos brindados, o abraço que nos acolheu.
Pensemos nisso. Talvez esse seja o melhor presente que podemos oferecer neste Natal: Cultivar um novo olhar.